sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O APOCALYPSO MAYA DE PABLO BENÍTEZ


21/12/2012

Com muito medo desse "mais um" fim do mundo, decidi viajar para a península Yucatán no México em busca de respostas. Lá descobri mais sobre o povo Maya, que atualmente toma o lugar de Nostradamus como mensageiro do Apocalipse. Recebido pelo nosso guia "Erik Estrada", um descendente direto dos Mayas, fui em direção a cidade histórica de Chichen Itza. Ele nos encheu de curiosidades.

Antes de mais nada, é importante destacar que essa cidade histórica fica ao perto de Cancún. Ter aproveitado os luxuosos hotéis e a bebida liberada de frente para o mar caribenho foi apenas uma consequência do acaso.

Foi um cometa que destruiu o povo Maya?
Não. O povo Maya nunca deixou de existir. Os descendentes continuam vivendo na área e a língua falada é a mesma. Quando os espanhóis chegaram, disseram para acabarem os sacrifícios ou todos seriam sacrificados. Não havia mais sentido morar nas cidades de pedra.

O que tem de legal nessa cidade aí "Chichen Itza"?
A pirâmide de Kukulkan, a campo de futebol Maya e o observatório.

Qual que é a desse campo de futebol?
Os Mayas jogavam um tipo de jogo que objetivo era passar uma bola por um buraco muito estreito e distante. Imagine basquete com os pés. O capitão do time vencedor era decapitado. Sério.

E essa pirâmide aí, qual que é a moral dela?
Lá eles sacrificavam os vencedores do jogo. Também sacrificavam seus melhores guerreiros. Todos eram preparados para a glória do sacrifício. Ridículo era ser "deixado vivo". Além disso, no solstício de primavera (seja lá que época do ano é isso) o Sol nas 3h da tarde forma uma serpente de luz descendo em um canto da pirâmide e uma galera enorme se reúne todo ano lá.

E o observatório, o que tem de mais?
Ele é meio torto em relação à escada. Parece erro, mas não é. Os Mayas calcularam a diferença entre o polo normal e o polo magnético da terra. Eles eram bem foda nas conta. Tanto que quando os espanhóis chegaram, viram o símbolo da cruz e pensaram, nossa, vai ser fácil impor a Igreja aqui, eles já usam o símbolo. Mas os Mayas não entenderam nada: para eles, o símbolo da cruz significa os pontos cardeais, norte, sul, leste e oeste sem relação alguma com religião.

Tá, e o fim do mundo que os Mayas previram?
Não previram nada. O calendário deles tem um ciclo de cerca de 5 mil anos que acaba agora, 21 de Dezembro de 2012. Mas um novo e normal ciclo começa no dia seguinte, igualzinho ao nosso "milênio".
Provavelmente alguém, quando percebeu que cálculo do calendário encerrava em 2012, pensou: "nossa, cara, não há outra explicação lógica se não o fim do mundo".

Tá, mas os Mayas escreveram que em 21/12/2012 os planetas todos iam se alinhar com todas as estrelas e o sol e o buraco negro e as galáxias iam se alinhar e ia dar uma merda gigante.
Não. Nenhum texto Maya fala disso. Eles só terminaram um conta nessa data. E tem até calendários que apontam datas após o dia 21 de dezembro, indicando "futuras comemorações". E não tem nenhum evento astronômico relevante nessa data.

Outras curiosidades:

Os Mayas tinham um avançado conhecimento. Eles foram considerados o único do povo da América pré colombiana a atingir os níveis pra entrar numa lista da UNESCO de civilizações chave para a humanidade: foram os únicos que tinham uma escrita completamente desenvolvida, arte, arquitetura, matemática e sistemas astronômicos.

Se você bater palma na frente da pirâmide de Kukulkan ouvirá o som de um pássado cantando.

No final de 1800 e alguma coisa, um fotógrafo chamado Thomas Adams foi visitar a região. Ele notou que os dentes dos Mayas eram brancos e sem problemas. Thomas estranhou. Ele mesmo escovava mais de 10 vezes por ano e mesmo assim sua arcada dentária não era tão boa quanto a dos Mayas. Ele também percebeu que eles viviam mastigando uma raiz de uma árvore local. Perguntou para eles, o que é isso que estão fazendo? Ele responderem "movendo boca" em Maya, ou seja, Tchi = boca, Clé = mover. Sr. Adams voltou para os Estados Unidos e morreu rico.

Can significa cobra. Cún significa ninho.  Cancún é o ninho das cobras.

Ura = céu. Can = cobra.   Ura-Can transformou-se nas palavras Huracán (espanhol), Hurricane (inglês) e Furacão (português).

Se você estiver em Cancún e forçar bem os olhos, após ter bebido bastante tequila, conseguirá ver a ilha de Cuba. Alguns dizem ver até a Miami, dependendo da força do olhar.

O Agave, que é a planta que dá origem à tequila, leva 3 anos para crescer e ser colhida. As vezes a demanda nesses três anos aumenta tanto que os Mexicanos não dão conta de produzir o suficiente. Atualmente a demanda está sendo atendida normalmente, não se preocupe.

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Por Pablo Benítez - correspondente no México

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